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domingo, 17 de agosto de 2008

Irregularidades na UNEB causam fechamento dos portões.

Quem foi para a UNEB, CAMPUS I – Salvador, no último dia 11, deparou-se com uma situação inusitada: encontrou os portões fechados. Os estudantes que estavam à frente dos portões, responsáveis pelo trancamento dos mesmos, explicava, através do microfone, o que ocorria naquele momento. Tratava-se de um protesto contra as condições da UNEB. Atualmente, a instituição está passando por diversos problemas, dentre eles está a infra-estrutura. Em muitos campi do interior, a universidade não tem estrutura própria. Os cursos funcionam em locais alugados, em salas consideradas impróprias para o ensino. Segundo a estudante Detian Almeida (22, estudante e representante do curso de Fonoaudiologia), o dia 11 de agosto foi escolhido para a realização do ato porque “é um dia simbólico, já que é o dia do estudante. É um dia para refletir as condições precárias em que as universidades públicas estão sofrendo sucateamento, devido à política de desresponsabilização do Estado. Com as estaduais não é diferente. Os 24 campi da UNEB passam por diversos problemas, como falta de infra-estrutura, fala de professores, calendário acadêmico de 88 dias e que inviabiliza o ensino pleno.” Além da estrutura precária e escassez do quadro docente, a universidade ainda convive com a existência das fundações ditas de apoio. A grande polêmica é por conta de que o nome do reitor Lourisvaldo Valentim foi notificado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) como um dos nomes indiciados, já que 71 milhões de reais foram destinados da UNEB para as ONGs Fundação Juazeirense para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Sócio-cultural e Ambiental (Fundesf), Fundação de Administração e Pesquisa Econômico Social (Fapes) e a Fundação de Assistência Sócio-educativa e Cultural (Fasesc) no período de 2003 e 2007, demostrando superfaturamento, indicando um possível desvio de dinheiro. Uma das ONGs tinha estrutura bem limitada, que não justificava o investimento em milhões, pois só tinha uma cadeira, uma mesa e uma sala de 2,5 m². O reitor cancelou o contrato com estas três ONGs, mas não explicou o destino do dinheiro. O mesmo não aceitou dar entrevista sobre o assunto, se manifestando com indignação. A denúncia partiu do conselheiro do TCE Pedro Lino, que averiguou que as contas do estado poderiam não estar sendo devidamente aplicadas na universidade. Durante a manifestação, era possível ver cartazes com frases do tipo “fora fundações”. Os estudantes fizeram uma paródia, em ritmo de pagode, cujo refrão dizia: “xô fundação!”. A chacota partiu do estudante José Pereira Neto, estudante e representante do curso de Fisioterapia. Em paralelo, outros campi da UNEB fizeram o mesmo ato, com as mesmas reivindicações. Segundo um estudante da UNEB, que não quis se identificar “A iniciativa [do fechamento dos portões] foi do campus de Barreiras. Foi uma reivindicação por melhores condições do campus. O movimento estudantil do campus de Barreiras entrou em contato com nós do movimento estudantil do campus I, solicitando a fechada de portões em conjunto com outros campi. Os campi de Bom Jesus da Lapa, Seabra e Bonfim fecharam os portões de seus respectivos campi no mesmo dia que nós. Os estudantes da UNEB decidiram por fechar os portões em uma assembléia estudantil, que ocorreu na sexta anterior, dia 08.” Para a estudante e membro do Diretório Acadêmico de Fonoaudiologia Camila Ferreira, “A iniciativa foi do campus de Barreiras e por acreditarmos que os problemas de um campus afetam diretamente todos os outros, o movimento estudantil do campus I, assim como outros,aderiu ao ato.”. Camila avalia que “Ao final do ato, mesmo com todos os problemas que tivemos, o saldo foi positivo, pois a maioria dos estudantes que apareceram na UNEB neste dia, apoiaram nossa atitude porem por motivos diversos não ficaram no ato. Só que a discussão sobre a falta de estrutura, sobre fundações de apoio, sobre a falta de professores voltou a ser debatida nos corredores da universidade. Sendo assim a nossa avaliação em relação à repercussão do ato dentro da instituição foi positiva.” Os estudantes que participaram do ato têm consciência de que não agradaram a todos, porém avaliaram que o objetivo foi atingido: dialogar com as pessoas de que a UNEB, assim com outras universidades, tem problemas e que é preciso a união na luta para que os obstáculos sejam superados. São as ações de cada indivíduo que irão definir quem está disposto a lutar por uma universidade pública, gratuita e referenciada socialmente. Pode-se adotar como lema da continuidade da luta, uma das frases que estavam contidas em um dos cartazes da luta. A frase é “Lutar, quando a ordem é ceder” da autoria de Che Guevara. Jobson Santana e Detian Almeida

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