quinta-feira, 16 de setembro de 2010
França ataca acordo com Mercosul e ironiza Brasil
Duas semanas depois de o ministro da Indústria da França, Christian Estrosi, defender o protecionismo econômico, agora o ministro da Agricultura, Bruno Le Maire, vai mais longe: ele garantiu aos produtores rurais que a França vai lutar contra o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul, cujas negociações estão em andamento nesta semana. A justificativa: "A Europa não é o lixão de produtos agrícolas da América do Sul".
As declarações foram feitas em Rennes, onde se realizava um salão de agricultura. Le Maire foi recebido por militantes de sindicatos agrícolas, que protestavam contra a queda da renda dos produtores rurais. Enquanto os sindicalistas entravam em confronto com a polícia, o ministro discursou para líderes rurais.
Na saída do encontro, Le Maire falou à imprensa. Defendeu uma "Europa firme" nas negociações entre a União Europeia e o Mercosul visando a um acordo de livre comércio, garantindo que pelo menos 15 países do bloco evitarão assiná-lo. "O agricultor não é moeda de troca. Não iremos adiante nas negociações com a Organização Mundial do Comércio (OMC), nem nas negociações com o Mercosul."
A seguir, Le Maire deixou claro que a resistência da França tinha endereço: "A Europa não é o vertedouro dos produtos agrícolas da América do Sul". Em referência indireta, o ministro do governo de Nicolas Sarkozy ainda ironizou o Brasil, país para o qual o Palácio do Eliseu tenta vender 35 aviões de caça fabricados na França, em decisão que segue na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não podemos trocar carne bovina por Rafales." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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1 comentários:
O Brasil deve reagir a sistemática política de Estado do governo francês ao subsidiar os seus agricultores em detrimento do princípio da livre concorrência frente ao Mercosul. Devido as suas peculiaridades, é fato que o setor agrícola mereça em todas as economias do mundo, incluindo a brasileira, um certo “guarda-chuvas” protetor estatal através da aplicação de salvaguardas e incentivos governamentais. Entretando, o que se constata nos EUA e na Europa é uma verdadeira reserva de mercado.
É evidente que Christian Estrosi e Bruno de La Mira, enquanto Ministros da Indústria e da Agricultura, estão afinados em torno de um discurso que reflita mais que uma política de governo. Logicamente, reflete a política do Estado francês com certeza avalizada por Nicolas Sarkozy. Portanto, o Brasil também precisa impor ações de Estado pragmáticas alinhadas com suas estratégias geopolíticas, incluindo aí a nova Estratégia Nacional de Defesa. Longe de vislumbar qualquer tipo de retaliação ou estimular sentimentos xenofóbicos, torna-se estrategicamente icompatível a aquisição de caças franceses através do Programa FX-2 em coexistência com a manutenção de pesadas tarifas agrícolas alfandegárias da UE liderada pela França.
Devemos lembrar que nos anos 80 – durante a nossa chamada “década perdida” – o Brasil também sofria com a falta de competitividade, seja agrícola ou industrial e, diante disso, europeus e americanos expandiram os seus tentáculos na economia brasileira angariando lucros extraordinários. Agora o momento histórico-econômico é inverso e o que vemos? Vemos um ferrenho protecionismo europeu e americano! Mas, felizmente, o “gigante adormecido” começa a acordar!
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