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terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Trump processa jornal por pesquisa que mostrava vitória de Kamala em Iowa

Em uma decisão que deve dar o tom da relação entre a Casa Branca e a imprensa pelos próximos quatro anos, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, abriu um processo contra o jornal Des Moines Register por publicar uma pesquisa que indicava vitória da vice-presidente Kamala Harris no estado de Iowa dias antes das eleições.

O processo foi tornado público nesta terça-feira (17). No documento, os advogados de Trump afirmam buscar "responsabilização pela interferência eleitoral escancarada" supostamente cometida pelo Des Moines Register, periódico da capital de Iowa, e também pela estatística J. Ann Selzer, autora da pesquisa.
 

O levantamento, publicado três dias antes das eleições, apontava vitória de Kamala no estado com uma diferença de três pontos percentuais. 

A pesquisa causou surpresa e expectativa de reviravolta na corrida eleitoral, uma vez que a maioria dos outros institutos projetava vitória fácil de Trump em Iowa --se Kamala fosse tão bem em um estado conservador como este, provavelmente levaria os estados-pêndulo, vencendo a eleição.
 

Além disso, Selzer é considerada uma das melhores e mais acuradas estatísticas do país, o que reforçou a impressão de que poderia haver uma vitória expressiva de Kamala em vários estados.

 Entretanto, Trump levou Iowa com 55% dos votos, enquanto a candidata democrata marcou apenas 42% --ou seja, uma diferença de 11 pontos percentuais em relação ao levantamento. Selzer anunciou sua aposentadoria após as eleições.

 

O processo pede que a Justiça proíba o Des Moines Register de realizar "atos enganosos e traiçoeiros" em relação a pesquisas eleitorais, sem explicar como isso aconteceria na prática, e exige o pagamento de um valor ainda não definido em danos morais a Trump. O grupo editorial Gannett, dono do Des Moines Register, disse que o processo não tem mérito.
 

Trump havia dito na segunda-feira (16) que processaria o jornal de Iowa, estado majoritariamente rural vencido por ele também em 2016 e 2020. "Na minha opinião, foi fraude e interferência eleitoral", disse o republicano, que fez novas ameaças à imprensa. "Vai custar muito dinheiro, mas temos que endireitar a imprensa."
 

O processo veio dias depois do anúncio de que a emissora ABC News, uma das maiores dos EUA, aceitou pagar US$ 15 milhões (cerca de R$ 90 milhões) a uma organização ligada a Trump para encerrar um processo movido pelo presidente eleito em razão de uma fala do âncora George Stephanopoulos.

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