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sábado, 30 de julho de 2016

Bandido que sucedeu Beira-Mar levava vida de luxo em prisão no Paraguai

Uma vida de luxo. Assim era a rotina do traficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, de 43 anos, considerado o maior vendedor de drogas em atividade na fronteira do Brasil com o Paraguai. Acusado de enviar toneladas de cocaína e maconha, além de armas de guerra para o país, especialmente para Rio e São Paulo, ele morava num endereço privilegiado em território paraguaio, mais precisamente na cidade de Assunção. Em sua “casa”, móveis planejados e objetos de decoração, cozinha gourmet, equipamentos eletrônicos e outras facilidades. Seria apenas a repetição da história de tantos outros bandidos da crônica policial, que se cercam de conforto e segurança, se tudo isso não acontecesse dentro da prisão, no presídio de Tacumbú, onde ele “vivia” desde 2010, após ser preso e condenado por tráfico.



A descoberta das regalias só aconteceu depois de terem sido encontrados, na última terça-feira, num muro próximo do presídio, explosivos plásticos com grande capacidade de destruição que possivelmente seriam usados numa tentativa de fuga, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP), que ontem noticiou o caso. Durante uma vistoria na unidade, a cela VIP do traficante foi revelada. As mordomias flagradas levaram o presidente paraguaio, Horacio Cartes, a demitir a ministra da Justiça do país, Carla Bacigalupo. Jarvis foi transferido, mas a nova unidade prisional não foi informada.


No presídio de Tacumbú, um dos mais superlotados do Paraguai, onde há cerca de 3.500 presos, o dobro da capacidade do local, Jarvis contava com suíte, sala de estar e de reunião e cozinha gourmet. Em todo o espaço, havia equipamentos eletrônicos, como TV de plasma, e objetos pessoais do bandido, inclusive uma coleção de DVDs, em que se destacava a série “Narcos”, sobre a vida de outro barão da droga, o traficante colombiano Pablo Escobar, morto em Medellín, em 2 de dezembro de 1993. No quarto, havia uma cama espaçosa e edredons.

Objetos de decoração - Geladeira e micro-ondas, TV de plasma e computador, além de objetos pessoais do preso, como miniaturas de carros e a mascote do time do Palmeiras na parede Foto: NORBERTO DUARTE / AFP

Acusado de começar a carreira de crimes fornecendo drogas para vários estados brasileiros a partir de Santa Catarina, Jarvis Pavão é de Ponta Porã, cidade do Mato Grosso do Sul, uma das principais rotas de tráfico para o Brasil, na fronteira do Paraguai. Com o dinheiro das drogas, Jarvis comprou carros e empresas de turismo. Mudou-se para Santa Catarina nos anos 1990. Em Balneário Camboriú, usava a fachada de comerciante.

Policiais federais garantem que, quando o traficante carioca Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi preso na selva da Colômbia, em 2001, ele controlava a fronteira do Brasil com o Paraguai. Todos os carregamentos de maconha, cocaína e armas tinham que ter sua autorização para atravessar a fronteira. Um poder que teria sido herdado por Jarvis após a prisão de Beira-Mar.

Jarvis foi preso em 2010, durante a Operação Capricórnio da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai. Ele foi localizado com mais quatro pessoas em Concepción, 450 quilômetros ao norte da capital Assunção.

Mesmo preso, Jarvis ainda era considerado perigoso. O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, chegou a chamar atenção para o poder do bandido, que, apesar de condenado no Brasil, ainda não tinha sido deportado. Ele teria planejado o assassinato, no último mês de junho, do traficante Jorge Rafaat, com 16 tiros de fuzil .50. O crime provocou tensão na fronteira. Em Ponta Porã, houve toque de recolher, e tanques do Exército foram para as ruas. Beltrame, na época, afirmou que o crime teria reflexos na criminalidade do país. Procurado nesta sexta-feira, o secretário não retornou a ligação.

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