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terça-feira, 1 de julho de 2008

Politíca não Presta(?)

Uma determinada universidade pública do Rio Grande do Sul garantiu que iria dedicar uma verba para o financiamento de estudantes para o custeamento de passagens em congressos, encontros e outros espaços de caráter acadêmico. Fazendo valer seus direitos, um estudante solicitou passagem de ida e volta para um encontro estudantil que iria acontecer em Salvador. O evento em questão é o ENEFON, e é organizado por estudantes do Movimento Estudantil e discute saúde, trabalho, educação e organização do Movimento, além de apresentação de trabalhos científicos. Para sua surpresa, a resposta foi negada. Ficou ainda mais estático com a justificativa. O que lhe disseram foi: "não iremos pagar este evento, por que ele tem cunho político". É revoltante que situações como essa aconteçam nas universidades. Ainda mais quando se tratam de universidades públicas que, teoricamente, deveriam incentivar estes encontros, pois se propõem a romper as barreiras do academicismo e discutir a sociedade em que vivemos, como ela está estruturada, como ela pode estar para ser mais justa e o que podemos fazer nesse processo de luta na busca da emancipação da classe trabalhadora. Imagino o quanto este estudante ficou indignado ao ouvir a justificativa nada convincente que não se tratava de evento acadêmico. Mas quem disse que política não é importante para a nossa formação? E quem disse que as ideologias políticas não ditam nossa formação acadêmica? Tentam, à todo custo, convencer os estudantes da dissociação entre academia e política. Uma mentira, todos nós sabemos disso. Afinal, a ciência não é neutra, e nem tem como ser. A ciência é produzida por pessoas, que possuem suas concepções ideológicas aos quais, conscientemente ou não, passam pelas produções acadêmicas. Portanto, sabemos que debates políticos são de extrema importância para que entendamos esta complexa relação. Aliás, com certeza estas mesmas pessoas que disseram a este estudante que não vão bancar mais eventos políticos sabem da importância do debate. Sabem tanto que têm medo de que os estudantes se politizem e reivindiquem por seus direitos nas universidades. Não é à toa que este debate é suprimido das universidades, da grade curricular. É preciso que estejamos atentos ao que nossas universidades estão pregando. Teoricamente, deveriam formar pessoas críticas, que atuassem atendendo a comunidade. Na prática, não cumprem tal papel. Ao invés disso, se constituem como aparelho do Estado burguês, preparando os estudantes para serem mão-de-obra qualificada e mantedores da situação vigente (ordem econômica capitalista). Uma prova disso é que boa parte das universidades públicas fazem convênios com fundações privadas. Perdem, portanto, a autonomia para atender o interesse destas fundações. E o interesse destas está muito mais vinculado à produção que gere lucro do que aquela que tenha um grande impacto social. Assim, faz-se necessária a participação estudantil na universidade, para reivindicar seus direitos e lutar por uma universidade gratuita, de qualidade e que seja referenciada socialmente. Se você já faz parte de Diretório, Centro Acadêmico, Executiva de Curso ou coletivos, não desista da luta, apesar das pressões. Se você não faz parte do Movimento Estudantil, procure seu Centro ou Diretório Acadêmico, intere-se e participe! Detian Almeida

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