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domingo, 18 de maio de 2008

O Brasil se despede da maior guerreira de todos os tempos

O Brasil se despediu hoje, dia 17 de maio de 2008 ás 16:30h, de Zélia Gattai uma mulher, um símbolo, um orgulho, uma mãe , uma rainha, uma deusa, uma filha, uma irmã, uma amiga e um marco para a literatura nacional e internacional.Zélia nasceu em São Paulo e aos poucos despertou seu maior dom a arte de escrever e encantar as pessoas com o poder das suas palavras. A escritora conviveu ao lado de nada mais nada menos que: Oswald de Andrade, Rubem Braga, Vinicius de Moraes entre outras personalidades.Casou-se com o também escritor Jorge Amado onde conviveu durante 56 anos de muita alegria, ternura, fidelidade, amor, respeito e compaixão de ambas as partes. Jorge conheçeu a bela "jovem" em 1945 no Movimento pela Anistia dos Presos Políticos, em 1947 se casaram. Por motivos políticos tiveram que dar um tempo no Brasil, onde foram exilados para a Europa onde conheçeram personalidades marcantes como o amigo Pablo Neruda, Jean Paul Sartre o pintor Picasso e outros. Desde 1963 optou por morar na Rua Alagoinhas, n°33 no bairro do Rio Vermelho.Se lançou como escritora em 1979 com o livro "Anarquista Graças a Deus", que mais tarde se tornou mini-serie na Rede Globo de Televisão. Em toda sua carreira Zélia escreveu cerca de 10 livros, onde foram traduzidos para o espanhol, francês, italiano, russo e alemão.Em 1984, recebou o título de cidadã bahiana pela Câmara Municipal.Em 2001 passou a ocupar a cadeira n°23 na Academia Brasileira de Letras, deixada pelo saudoso escritor Jorge Amado.Já em 2005 recebeu da Assembléia Legislativa da Bahia a condecoração de cidadã bahiana. Suas principais obras são:Anarquistas Graças a Deus(1979) Através das lembranças da menina Zélia, desenrola-se o cotidiano da família Gattai, imigrantes italianos que vieram para o Brasil perseguindo o sonho da Colônia Santa Cecília, reduto anarquista, e que viveram em São Paulo nos anos 10 e 20, acompanhando o crescimento da cidade.Um Chapéu Para Viagem (1982) A menina atrevida que conhecemos nas páginas de Anarquistas graças a Deus cresceu e se casou com um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Um Chapéu para Viagem começa com o casal viajando para o Rio e termina com sua ida para a Europa.Senhora Dona do Baile (1984) Retrata o período de exílio da autora e seu marido, quando ele teve os direitos políticos cassados por ser membro do Partido Comunista Brasileiro. Em 1948, Zélia deixou o Brasil com o filho João Jorge para encontrar-se com Jorge Amado na Europa, onde viveu durante cinco anos, participando intensamente da vida cultural européia.Reportagem Incompleta (1987) 'Tenho minhas razões para chamar esta reportagem de incompleta. Uma dela, talvez a principal, é que pretendo fotografar Jorge Amado ainda por muito e muitos anos, ampliando esta série de imagens, focalizando momentos marcantes de sua vida.' Zélia Gattai; Jardim de Inverno (1988) Foram cinco anos de vivência fora do Brasil, dois deles na França, até o dia em que foi exigido ao casal que deixasse o país. São relatos de uma jovem que saiu de seu país cheia de ideais e de sonhos e que ao se deparar com a dura realidade do pós guerra e suas misérias, amadurece. Pipistrelo das Mil Cores (1989) Com belíssimas ilustrações de Pink Wainer, a história de Pipistrelo, estranho e enorme bicho do Pantanal aprisionado num Zoológico, que acaba protegido por um grupo de crianças que querem impedir sua venda para um país estrangeiro. O Segredo da Rua 18 (1991): Segunda incursão de Zélia pela literatura infantil, conta a história de crianças em busca do tesouro do pirata Gancho de Ouro, que acabam por descobrir o segredo da Rua 18. Uma singela aventura ilustrada por Ricardo Leite.Chão de Meninos (1992) Traz as memórias do casal Amado após a volta do exílio, passado, em grande parte, na antiga Tchecoslováquia. A memorialista cobre o período entre 1952, quando se estabeleceram no Rio de Janeiro, até a mudança para a Bahia em 1963. Crônica de Uma Namorada (1995): Este é o primeiro romance de Zélia Gattai e retrata a São Paulo dos anos 50, tendo como fio condutor a história de Geana, uma garota de 15 anos, neta de italianos, que se apaixona e descobre as dores e delícias do amor.A Casa do Rio Vermelho (1999) Pelo portão do endereço mais famoso de Salvador, com motivos de pássaros e frutas, criado pelo amigo Carybé, passou meio mundo: o moleque da quitanda, intelectuais europeus, cantores de sucesso, quituteiras, cineastas, mães-de-santo, políticos... Se a casa não pode falar de tudo que já testemunhou, ganhou a mais adequada porta-voz.Cittá di Roma (2000) A saga de duas famílias italianas que - viajando no mesmo navio, Cittá de Roma - vêm tentar a sorte no Brasil, no fim do século XIX. Deste encontro nasce Zélia Gattai, filha caçula do casal Angelina e Ernesto.Um Baiano Romântico e Sensual As sensíveis memórias de Zélia Gattai e seus filhos João e Paloma sobre o baiano Jorge Amado são acompanhadas de fotos e ilustrações inéditas sobre o escritor. São relatos emocionantes que trazem momentos de intimidade da família Amado e redimensionam o homem por trás do mito. E por fim sua última obra. Códigos de Família Com sua escrita despojada, Zélia conquistou a cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras, a mesma que pertenceu ao seu marido Jorge Amado. Neste livro, a autora descerra segredos familiares. Decodifica expressões utilizadas pela família dos Gattai Amado e desfia histórias e anedotas. O mais espantoso nessa história é que a nossa heroína só fez o curso primário e se tornou um ícone da literatura. A nossa diva recebeu do reitor da UFBA(Universidade Federal da Bahia)o título de Doutor Honoris Causa. A Familía decretou que o velório será velado no Cémitério Jardim da Saudade no bairro de Brotas.Segundo o filho João Jorge Amado, o corpo da mãe vai ser cremado e as cinzas serão espalhadas pela antiga Casa do Rio Vermelho, como foi feito também com o escritor Jorge Amado. Jobson Santana 17-05-2008

1 comentários:

Camila Barros disse...

É com grande orgulho que aqui digo, o quanto eu curto as obras de Zélia, vamos dizer assim com mais intimidade, que são obras em que está presente a veracidade de uma vida.

Em sua obra Anarquistas Graças a Deus, eu pude conhecer e vibrar com os melhores momentos de sua vida desde a imigração de sua familia para o Brasil.

Dejeso a Zélia tudo de bom nessa passagem, e que ela esteja bem aonde estiver.